LAÇOS IRRACIONAIS

LAÇOS IRRACIONAIS

“A amizade é um amor que nunca morre”

            Li, certa vez, em algum lugar que não me recordo, a frase acima. Após o conhecimento desta, Mario Quintana tornou-se essencial em minha vida. Não só ele, como, principalmente, seus versos. Essa frase, que possuo dúvidas em relação à publicação e não me arrisco a dar um palpite, causou-me certo estranhamento no princípio.
            Para mim, amizade era algo particular da família. Só existiria se estivesse vinculada à laços sanguíneos. E, obviamente, seria impossível possuirmos ligações com indivíduos não familiares. Talvez tenha sido esse pensamento o principal causador de minha personalidade reservada.
            Mas o fato é que a amizade é um sentimento intrínseco aos seres e que independe de relações familiares. Não é uma questão difícil de ser respondida. O segredo está em aprofundar o olhar e enxergar o mundo com outros olhos. Até os animais, vistos como sendo irracionais, possuem amizade entre si. Talvez esta seja o reflexo da irracionalidade e, indubitavelmente, um assunto difícil de ser analisado pelas mentes racionais dos humanos. Talvez só deva ser sentida.
            Confesso que um receio me aflige. Esse tipo de receio aflige a todos e o chamo de Complexo de Solidão. Caracteriza-se pela angústia de perder os amigos. “Perdê-los” e não os encontrar novamente em lugares que costumam esconder nossos pertences e que são nosso primeiro palpite na hora de achá-los, como um sofá, que sempre esconde em seu interior moedas ou resquícios de comida. Tenho receio de perde-los verdadeiramente, para sempre.

            Porém, nestes poucos anos de vida, que a imaturidade se torna presente e perceptível, já possuo o entendimento de que os verdadeiros amigos ficarão. Independente de laços sanguíneos. Afinal, em conformidade com Quintana, a amizade é imortal. Felizmente. 
                                                                                               Dora Blos...

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