ANÁLISE DA PERSONAGEM IRACEMA, DA OBRA IRACEMA, DE JOSÉ DE ALENCAR
ANÁLISE
DA PERSONAGEM IRACEMA, DA OBRA IRACEMA,
DE JOSÉ DE ALENCAR
Érica Hilário da Silva - EM 221
A obra indianista Iracema, de José de Alencar inicia-se
com a vinda de um branco europeu que ao explorar as matas brasileiras chega a
beira de um rio, onde ali banha-se uma linda índia de cabelos negros, a virgem
dos lábios de mel, bem como o autor coloca: “ Iracema, a virgem dos lábios de
mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu
talhe de palmeira” (ALENCAR, 1980, p. 33).
Iracema, que com a chegada
desse moço, reagiu mostrando-se assustada, atirou uma flecha e o atingiu,
relatada nessa parte do enredo: “Foi rápido como olhar, o gesto de Iracema. A
flecha embebida no arco partiu. Gostas de sangue borbulham na face do
desconhecido” (ALENCAR, 1980, p. 34). Porém, logo após o acontecido a índia
tabajara, tribo em que nasceu, percebeu que o estrangeiro não era uma ameaça e
mediante conversa o direcionou até sua tribo, lugar onde foi bem recebido por
Araquém, pai da índia dos lábios de mel.
Mulheres foram oferecidas ao
guerreiro branco, Martin, que foi recebido com muita hospitalidade por Iracema,
relatada da seguinte forma na obra:
Iracema acendeu o fogo
da hospitalidade, e trouxe o que havia de provisões para satisfazer a fome e a
sede; trouxe o resto da caça, a farinha- d’água, os frutos silvestres, os favos
de mel e o vinho de caju e ananás (ALENCAR, 1980, p. 37).
O moço
não se interessou por nenhuma mulher e decidiu ir embora da cabana dos
tabajaras, porém Iracema foi atrás dele pedindo para que ele voltasse, passasse
uma noite em sua tribo e que no dia seguinte assim que amanhecesse o dia Caubi,
irmão da virgem, o levaria até a taba dos pitiguaras, que era a tribo que o
tinha acolhido. Bem como é dito na trama: “Teu hóspede espera, filha de
Araquém” (ALENCAR, 1980, p. 42).
Os
dois passearam entre a mata á noite e ao amanhecer, bem como foi dito, ele
partiria junto da companhia de Caubi. Martin tinha uma noiva em sua tribo, mas
havia se encantado por Iracema, entretanto ela guardava os segredos de Jurema,
na qual dizia que ela teria que se manter pura se não morreria, dito na
seguinte parte: “Guerreiro branco, Iracema é filha do Pajé e guarda o segredo
de Jurema. O guerreiro que possuísse a virgem de Tupã morreria” (ALENCAR, 1980,
p. 55). Esse segredo era de extrema importância, que guardava a honra da índia.
No amanhecer
foram Caubi e Martin rumo a tribo pitiguara. Porém, tiveram que voltar pois
alguns índios de outras tribos inimigas estavam atrás do estrangeiro.
E ali
na cabana foi onde Iracema e Martin tiveram sua primeira noite, assim como é
falado na seguinte parte do enredo:
Agora
podia viver com Iracema e colher em seus lábios o beijo, que ali viçava entre
sorrisos como o fruto na corola da flor. Podia amá-la e sugar desse amor o mel
e o perfume, sem deixar veneno no seio da virgem (ALENCAR, 1980, p. 87).
A
partir disso, Iracema já não podia viver longe do amado, porque já havia se
entregue á ele, por esse motivo ela decidiu ir junto de Martin. Observada no
seguinte trecho da obra: “Iracema te acompanhará, guerreiro branco, porque ela
já é tua esposa” (ALENCAR, 1980, p. 96). E como ele também amava a moça, não
titubeou e nem tentou evitar a ida dela.
Nesse
trecho da trama, pode-se ressaltar
Tupã, que era como se fosse um Deus da tribo de Iracema, afirmando a partida da
moça juntamente com o estrangeiro branco, quem lhe tirou os segredos de Jurema,
falando que Tupã já não tinha sua virgem
na terra dos tabajaras.
Iracema
que decidiu ir junto do amado, pelo motivo já citado, ao encontro de Poti,
grande amigo de Martin, já não podia mais se separar dele. Bem como é colocado:
“Iracema não pode mais separar-se do estrangeiro” (ALENCAR, 1980, p. 95). A partir
daí eles já eram um só, ela deixou sua querida tribo e sua família por causa de
um amor incontrolável, que invadiu seu peito desde a primeira troca de olhares.
Os dois se foram por entre a mata.
Martin
resolve construir uma cabana para morar junto de sua, agora, esposa e seu
amigo, Poti. Viveram nessa cabana por um tempo e Iracema descobriu que esperava
um filho do guerreiro branco. Bem como o autor coloca: “Teu sangue já vive no
sangue de Iracema. Ela será mãe de teu filho” ( ALENCAR, 1980, p. 122).
Porém para a infelicidade da índia Poti e
Martin precisavam ir defender sua tribo, e ele partiu sem se despedir da moça.
Revelado na seguinte parte do romance indianista: “ Martin partia para a caça
com Poti. A virgem separava-se dele então, para sentir ainda mais ardente o
desejo de vê-lo” (ALENCAR, 1980, p. 120). Foi uma grande tristeza para ela ter
que separar-se do amado, mesmo que fosse apenas por um tempo, pois o amor entre
os dois era mútuo.
Martin
retorna por causa da saudade da amada e da própria terra. Porém chega um
momento que Iracema dá a luz ao seu filho, as margens de um rio, mas ela não
tinha leite. Bem como o autor coloca na obra: “A jovem mãe suspendeu o filho á
teta; mas a boca infantil emudeceu. O leite escasso não apojava o peito”
(ALENCAR, 1980, p. 152). O motivo dela não ter leite foi por estar muito fraca
devido ao parto e pela tristeza provocada pela saudade
Ela,
então, descobre que Martin foi novamente embora para a batalha.Iracema estava
muito fraca e não conseguia nem alimentar seu filho. A índia dos lábios de mel
denominou seu filho como Moacir. Relatada nessa parte do enredo: “Tu és Moacir,
o nascido de meu sofrimento” (ALENCAR, 1980, p. 147). Moacir que significa
filho da dor, nome que caiu muito bem a criança naquele momento de dor enfrentado
pela recém-mãe.
Caubi,
seu irmão, foi a visitar e conhecer seu sobrinho. Bem como o autor coloca: “O
nascido de teu seio dorme nesta rede; os olhos de Caubi gostariam de vê-lo”
(ALENCAR, 1980, p. 149). Foi o momento em que Caubi pediu á irmã para ver seu
sobrinho.
Iracema
que já não tinha mais leite e sentia saudades do esposo faleceu após entregar
Moacir ás mãos de Martin. Dito da seguinte forma na obra: “O lábio emudeceu
para sempre; o último lampejo despediu-se dos olhos baços” (ALENCAR, 1980, p. 157).
Iracema manteve- se forte até a chegada do esposo para não deixar o filho
desamparado.
Após
isso, Martin embarcou em um frágil barco e voltou para sua terra levando o
primeiro cearense, seu filho chamado Moacir, filho de seu amor com a índia
tabajara, Iracema. Relatado pelo autor da seguinte forma: “O primeiro cearense,
ainda no berço, emigrava da terra da pátria” (ALENCAR, 1980, p. 158).
Conclui-se
que foi uma história de amor bilateral, no qual os dois, Martim e Iracema, apaixonaram-se
fazendo com que Iracema largasse sua tribo, lugar onde habitavam seu povo, sua
família, para viver com seu amado. Um romance indianista que prega costumes e
linguagem própria, que trás consigo uma reviravolta, um fruto do amor dos dois
e uma tristeza fatal ao final.
REFÊRENCIA: (ALENCAR, José de.
Iracema. Clube do livro. São Paulo.
1980)
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